quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Módulo Específico - Aula 4

"Pixelgrama"

O assunto da aula de hoje foi sobre a obtenção de fotos por Pixelgrama, termo criado por nosso professor João José, em uma relação com o que fazia o Man Ray, e que foi denominado Raiograma (Raygrama) ou Fotograma.

A superfície sensível utilizada para o Pixelgrama é o sensor de uma câmera digital, e a obtenção do resultado segue o mesmo princípio criado pelo MR.

JJ indicou os sites de dois fabricantes:

www.century.com (para accessórios)

www.sigma.com

Ambos são fabricantes de produtos interessantes!

Para iniciar JJ colocou-se a disposição para ouvir e responder perguntas.

Yohana (Y) perguntou:

- Como reconhecer o Dadaísmo e o surrealismo?

JJ comentou:

Dadaísta - a arte pela não arte.

Surrealismo - Consciente não vinculado a obra.

GV, comentou a existência de "artes" contemporâneas com a pretensão de sofrerem influência Dadaísta, as quais não tem nada de arte.

Comentários subsequentes de JJ:

No limiar da loucura alcança-se a plena liberdade.

A loucura controlada é a expressão máxima da liberdade criativa.

Rita de Cássia (RdC) indicou um site: O mundo do inconsciente.

JJ contou que trabalhou também com cinema, quando foi diretor fotográfico. Comentou sobre alguém que o  chamou para fazer um filme sobre o tema do uso de drogas. Reuniu um grupo de usuários e JJ os filmou sob o efeito das drogas que ingeriram. A pessoa que o convidou a fazer as filmagens, também estava sob o mesmo estado alterado de consciência que os demais. Ele pedia ao JJ determinadas imagens, que o JJ não conseguia fazer! Não estavam sob as mesmas condições mentais, não podiam ter uma mesma visualização do que era desejado!

Como entender Pink Floyd se ele está fora do padrão normal?

Entrar nesse estado é fácil! Difícil é ser bom. Disse JJ.

E comentou Chailline (Chai): "Ser normal já é uma loucura."

Todo os dias temos nossos 5 minutos de loucura. É aproveitar! Não? Complementa JJ.

Prosseguindo, JJ comentou sobre a questão de que por mais que um fotógrafo conheça a linguagem  fotográfica e busque em sua plena consciência realizá-la, a interpretação de quem vê é própria. As vezes o observador não vê a interpretação do autor, e tem a sua própria interpretação. (As vezes até mais rica porque plena de significado.)

Para ilustrar, contou que trabalhava no Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, em 1966, e cobria uma parada militar de sete de setembro, em pleno período da repressão militar, da qual até hoje trás lembranças pelas dores que ainda sente em algumas costelas. Um seu colega de Jornal, ao passar pela avenida, viu umas baionetas enfileiradas, e em uma delas havia bem na ponta da baioneta, ali pousada, uma libélula. Inseto frágil, que ao leve toque se esfacela. Ele contaria depois, que aquilo lhe chamou a atenção, achou interessante, talvez inusitado, e fez a foto. Face ao significado político que a foto suscitou ao confrontar a fôrça das baionetas com os cidadãos indefesos, foi selecionada e publicada na primeira página do Jornal. A foto foi distribuída e divulgada pelas agências internacionais. Tornou-se a foto símbolo do período da ditadura militar no Brasil. 

Lembrei-me de perguntar ao João José, se tendo ele trabalhado nesta época no JB, havia lá conhecido Evandro Teixeira. Evandro Teixeira é um dos mais famosos fotojornalistas do Brasil, atualmente aposentado, cujas fotos retratam de modo extraordinário esse período da nossa história.

JJ parece ter se surpreendido com a pergunta, e respondeu. Foi ele o autor dessa foto! Trabalhávamos juntos no Jornal de Brasil!

Em seguida Raíssa (R) mostrou uma foto que ela tirou com uma Pin Hole.

Foram exibidas as fotos da aula anterior, quando várias fotografias foram tiradas com uma Pin Hole.

Como estavam muito ampliadas, apareceram com granulação. Se reveladas em 10 X 15 porém apareceriam nítidas.

Perguntou Tércio (T):
- O Raio X é uma fotografia?

De certa forma sim, pois no Raio X trabalhamos com a luz, só que fora do espectro visível!

Foi dito que o foco e a desfocagem, não são alterados pela ampliação.

Seguiu-se uma interessante explicação para mostrar que na Pin Hole, não há interferência ótica nenhuma (é só um buraquinho). Dois objetos de mesmo tamanho a distancias diferentes da Pin Hole, o mais próximo a imagem resultante é maior do que a do objeto mais distante. Como não tem manipulação ótica, a nitidez dos dois objetos é igual.

Com lentes temos a manipulação do ponto de foco.
O ponto de foco é o ponto onde a lente forma uma imagem correta. É o ponto da nitidez da imagem.

Sangela perguntou:
- A luz negra impressiona um filme fotográfico?

Sim, respondeu JJ, porque a luz negra é azul!

Usa-se a luz vermelha para não sensibilizar um papel fotográfico ao manipulá-lo, porque ele é menos sensível a esta luz.

Mesmo assim ao manipulá-lo costuma-se ter o cuidado de que a sua superfície sensível esteja para baixo.

E agora sobre Pixelgrama.

Através do Pixelgrama, saímos do convencional para expressar uma vivência interior.

Vamos agora fazer um Pixelgrama.

Para fazer um Pixograma:

Vamos usar a câmera como elemento sensível, tirando a objetiva, e criando condições de controle.

Fotogramas ou Raiografias são feitas sem câmera.

Recomendável conhecer o trabalho de Man Ray, electricity, cujos fotogramas estão disponíveis na internet.

MR usava brometo de prata (uma pasta, uma emulsão, onde ali estão os cristais de prata) e sobre a superfície sensível ele colocava os objetos (os elementos com os quais iria trabalhar). Aplicava luz da forma que queria, em várias direções e estendendo ao tempo adequado de exposição.

JJ passou a discorrer então, sobre a forma utilizada para a revelação das fotos.
Sabemos que a "revelação" é obtida, através de um processo químico.

Os agentes, as soluções  reveladores, os componentes de uma solução reveladora, são cinco:
Metol, Hidroquinona, sulfato de sódio, carbonato de sódio e Borax.
Os dois agentes principais são o Metol e o Hidroquinona, os quais atuam sobre o brometo de prata.

Em três cubas, a primeira o Revelador, usa-se uma solução básica.
Na segunda, o Interruptor, é onde se interrompe a atuação do Revelador. Para fazer isso usa-se uma solução ácida. E por terceiro o Fixador, usa-se o hiposulfito de sódio (ácido acético glacial) que é também uma solução ácida, ou simplesmente usa-se água. Para quê? É que a prata que não foi queimada durante a revelação, se torna sal, e a etapa do Fixador é para remover esse sal.

Foi dito pelo JJ que o sal não queimado, só difere do sal de churrasco (cloreto de sódio) no sabor.

Ao parar a ação do fixador, evita-se que a base contamine o fixador. Pretende-se com isso assegurar a conservação do fixador. A contaminação da base no Fixador, entretanto, não interfere com a qualidade do resultado.

Um comentário sobre a natureza criativa do MR:

MR, obsecado pelas mulheres, namorava Kiki, quando lhe ocorreu a seguinte descoberta.

Ele preparava-se para mais uma Raiografia, quando chegou a Kiki abrindo a porta. Ele naturalmente que reagiu àquele inesperado, e ela em seguida a fechou. Ao submeter a imagem à revelação, ele percebeu que em lugar do branco característico dos pontos não alcançados pela luz, observava-se um tom cinza.

Ele então aprendeu a fazer aos 80%  da revelação, uma segunda exposição de luz controlada. A essa técnica, chamou de "Solarização". O que acontecia? Cristais que não seriam queimados, o são por ocasião dessa segunda exposição.

A propósito, foi pertinente contar a "anedota" sobre um fato naturalmente fictício, envolvendo Hillary e Bill Clinton.
Eles estavam em um Posto de Gasolina para abastecerem o carro, e Clinton comenta com Hillary:
- Está vendo aquele frentista? Se você tivesse casado com ele, não estaria aqui com o presidente dos Estados Unidos.
Ao que ela retruca:
- Que nada! É o contrário. Se você não tivesse casado comigo não estaríamos aqui.

Pois é! Kiki ao acender a luz, queimaram-se os cristais que de outro modo, se tornariam sal. Em consequência obteve-se um belo tom cinza, e estava inventada a "Solarização".

(Viva Kiki, esse Man Ray não tava com nada!) :-)

Outra curiosidade que foi trazida durante a aula de hoje:

Todos nós conhecemos a chamada fotografia lambe-lambe.

Aqui no Recife ainda temos dois em plena operação. Um deles na praça de afogados.

Por que lambe-lambe?

O papel fotográfico é fibra. Se deixar em contato com o ar, amarela.

Após a foto, o fotógrafo a coloca em um balde para tirar o sal.

Antigamente, ele em seguida a lambia, para saber se havia retirado o sal.

Repetia a operação até que o sal tivesse sido retirado.

Os observadores (e gozadores) apelidaram esse tipo de fotografia de lambe-lambe.

Os fotógrafos então foram deixando de verificar se ainda havia sal, parando de lamber as fotos.

Em consequência as fotos que antigamente eram preto e branco, de dez anos para cá, tornaram-se amarelas.

Com controle de qualidade = com lambida.

Sem controle de qualidade = sem lambida.

A revelação das fotos "lambe-lambe" não obedecem as recomendações mas dão certo! Nunca oxidam uma foto.

Usa-se:

Metol (2g), Hidroquinona (2g), sulfito de sódio (2g) e carbonato de sódio (20g), em um litro de água.

É isso!

Antes do intervalo foram exibidas algumas imagens do trabalho de MR, e algumas imagens do próprio João José. Algumas são reproduções de Raiogramas de MR, e outras que são suas criações pessoais.

MR tinha relacionamento pessoal com os grandes artistas criacionistas, como picasso, Dalí... E os fotografou sob a sua concepção.

MR tinha uma frase que poderia constituir-se no seu epitáfio:

"Tranquilo mas não indiferente."

O chamado Retrato Revelado, constituía-se de usar papel "queimado" para formar manchas.
As três fases do processo:
Fase 1 - Negativo (Pin Hole)
Fase 2 - Cópia positiva
Fase 3 - Solarização.

No Pixelgrama, CCD aberto, com todas as imagens projetadas sobre ele. Sem lente, sem buraquinho, sem nada. Vamos tentar fazer isso aqui na sala, talvez sem obter os mesmos resultados que os que foram mostrados, porque não teremos aqui, o controle da luz.

Quando se fala vetoriais, é no sentido de que preserva as informações de cada Pixel ao ampliar a imagem.

As vezes faz-se ampliação da ampliação da ampliação.

Obtemos imagens abstratas.

Trabalham a cor.

Toda imagem P&B no digital, tem cor.

Usa-se o Photoshop para ampliações (ou outros programas).

Fotografia porque são registros de luz que você está ampliando. Trabalhando no mundo digital, matemático do "Pixelgrama vetorial").

Segunda Parte:

Produção de imagem sem ótica, resulta em imagem abstrata. Sem referentes a serem explicitados.
Trabalhar com luzes e sombras, para produzir imagem.

Condições:
Fonte de luz pontual.
Proximidade do sensor.
Sensibilidade (trabalho de ontem com ISO)

Agora (sem lente, nem buraquinho, temos um buracão.) "toda luz do mundo entrando". Vamos usar então  o ISO mínimo.

Para começar, vamos usar com a máquina totalmente no manual, o ISO 100 e a velocidade 1/500.

Em relação a nossa experiência de ontem com a Pin Hole, descemos o ISO de 1600 para 100.

É preciso luz pontual para luz mais consistente.

Em seguida a partir das variações que o processo foi sofrendo, ao experimentar outra fonte de luz (LED) e até outra câmera, a velocidade foi aumentada para 1/2000 e 1/4000, com o mesmo ISO 100.

A construção da fotografia como ideia é muito mais ampla que utilizando os conceitos da ótica diafragmática.

Para ver os Metadados de uma foto, clicar sobre a foto com o botão direito, depois em Propriedades, e não vai aparecer nada! Clicar então em Avançado e aparece tudo ("Do nada está construído o todo." Comenta JJ :-) . Exceto o ISO, que deveria aparecer, mas não apareceu!).

Se a luz tem um conteúdo maior de azul ou de vermelho, isso se reflete na cor obtida.

Os LED's tem no conceito fotográfico, luz natural.

O resultado tem haver com a cor que entrega para ser fotografado.

Nesse ponto, Rita (R) perguntou:

- E a foto Kirlian professor? O senhor vai falar sobre a foto Kirlian?

Bom! JJ comentou ter construído o primeiro digamos, "aparato" para fotografar energias sutis (auras), mas não desviou do que havia programado para apresentar no restante do tempo da aula.

Aumentando a velocidade, diminuimos o tempo de exposição.

Fotos vem de fótons, uma característica da propagação da luz.

As sombras e as dispersões aparecem, quando não há pontualidade da luz.

Mais pontualidade, mais projeção, e sombras mais sólidas.

As imagens obtidas com Pixelgrama podem ser trabalhadas no Photoshop para dar mais vida.

Esta é uma forma de criar o abstrato, de uma forma interessante.

Sangela perguntou se sendo amanhã sexta feira de carnaval, o que JJ achava de no intervalo, fazermos um momento carnavalesco, com os que assim quisessem vindo à carácter (carnavalesco).

Achei que João assustou-se um pouco, talvez tenha pensado que isso poderia interferir na nossa carga horária. Mas o que falou foi o seguinte: vocês podem fazer sim. Aqui como eu já falei, vocês tem toda a liberdade! Naturalmente lembrando que "Uma premissa da liberdade é a responsabilidade".

Uma recomendação bem pertinente para todos os carnavalescos, e um ponto final para reflexão, com os meus votos de um feliz carnaval ou feriado, para nós, agora que a aula terminou.




Um bom carnaval para todos, e até a volta!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.